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Mostrando postagens de julho, 2011

Le retour du passé

Um dia desses no trabalho eu percebi o motivo do meu descontentamento. Logo que cheguei em meu novo emprego tive certa facilidade com as funções a exercer - é claro, não era a primeira vez que as fazia, tivera outro emprego semelhante um ano antes -, o que impressionou um pouco a minha monitora, percebi. Não que eu fizesse algo muito impressionante, diga-se de passagem, mas saber o que fazer logo de cara não era tão comum por ali, imagino, então logo nos primeiros dias, como uma jovem tartaruga, fui deixada ali, na areia para que amadurecesse sozinha e caminhasse até o mar, sem que os predadores ao redor pudessem abocanhar-me no caminho. Ela confiava, por certo, no meu desempenho natural. Saber o operacional e até alguns lances mais astutos do esquema por trás dele não é grande coisa, fui treinada pra isso antes, mas, a questão era que eu ainda era só um filhote, recém saido do ovo, eu não tinha forças o suficiente pra caminhar até a areia, e os predadores pareciam ainda mais terríveis
Sempre gostei, sem saber o porquê, de casas com forro velho de madeira, daqueles com cara da casa da vó... Na minha era diferente, até foi madeira, um tempo, mas tinha aquele ar moderninho, a arquitetura extravagante que não me aquecia com aquela alergia nostálgica que as coisas antigas me trazem. Agora era outro o cenário, o sobradinho que eu sempre quis, mas que não era meu, nem era meu o lugar que eu queria ali. Eu me conformava, dizem, me calava e galgava os degraus gelados de concreto. Aquele quarto era frio demais. Aliás, aquela era a única parte de toda a casa que mantinha tão fria sua estrutura - disseram também que ali, onde eu dormia, fora um dia a casa toda, aquele gelado cubículo de cimento e pó. Me encolhia sob a pilha de cobertores, mas a frigidez que me cortava a pele não estava no ar, vinha de dentro pra fora, e de tanto que queria sair, brotava em lágrimas - curioso - quentes. Cada movimento no andar de cima, faria ranger todo o resto. Ao longo da noite todo o sobrado