
Verdade mesmo é que eu amei a chuva antes mesmo de saber amar; Com os dedinhos pelos vidros da vida, vendo vida brotando entre nuvens, tirando da terra e da gente o sentido que ela poderia ainda me dar.
Atirei-me ao solo entregando-me à minha doce amada. A água escorrendo pela pele, tecendo meus contornos, cofusa e sem rumo, unida ao salgado mar que meus lábios podiam começar a sentir. Embebida de amor, elevei-me na corrente que se formava, despida e alva sentia com intensidade o levar do inicio de uma tempestade. As doces gotas cristalinas tornavam-se pesadas e arrastavam meu corpo já inerte. Jazia imóvel e sem esperanças, no meio do turbilhão de oscilações que minha impetuosa paixão me atirara.
Entre uma onda sinuosa e outra senti as fisgadas do sal, penetrando meus ferimentos recém abertos. Tinha em mãos um coração que não era o meu, mas quem segura um coração de vidro, sabe que pode se machucar. O pequeno pedacinho pulsante daquela a quem me entreguei, tentando com esforço ainda bater por mim, estilhaçado e sangrando, fazia escorrer por entre os dedos seu frágil interior. Ainda não sabia ao certo definir o que sangrava de sua dor, e o que sangrava de minha tentativa desesperada de mantê-lo integro, apertando firmemente cada caquinho que enfim entrava sob a pele. Enquanto houvesse o sopro de um compasso dentro dele, eu estaria ali, dedicando o que restou de minha força a sustentá-lo, até que pudesse consertar. Era essa a idéia afinal, não?
Passada a tormenta, janelas quebradas, o que fazer? O vento frio beirando a casa, só queria me abrigar, procurava por um lugar seco, uma cama quente, mas se eu tão logo acalentar a alma, será que você vai entrar? Será que teu calor me envolverá outra vez? E se não... que tempestades mais me aguardariam? Meu medo desconhece seu próprio teor, não sei se temo o silencio da casa fechada, ou se o vazio de uma porta por onde ninguém nunca voltou...
Seu texto tem uma densidade tão profunda que preciso de tempo para absorve-lo em toda sua essencia. Mas é lindo de qualquer maneira, é lindo como ele trouxe de volta você aqui, com aparencia nova, renovada também em alma. Sinto como uma brisa matutina que sopra fresca após uma grande tormenta que parecia que não ia acabar nunca. E esse frescor é delicioso. Bem vinda de volta linda!
ResponderExcluirBjossss